Sou filha única, e confesso que sempre fui um pouco ciumenta...
Quando engravidei das gêmeas, pensei muito em como a minha filha Julia iria se sentir..
E conforme a gestação foi passando, já pude notar diferenças no seu comportamento.
Senti medo. Medo de não conseguir, medo de fazer ela sofrer...
Comecei então a ler muito sobre o assunto... comecei a refletir e às vezes até me colocar no lugar dela...
Hoje já fazem 4 meses que as gêmeas nasceram.
No começo, quando nasceram e ficaram na UTI, foi um momento difícil pra ela... e para mim.
Eu tinha que estar lá para as bebês, mas não podia me esquecer que em casa tinha uma menininha me esperando, cheia de amor, medo, insegurança. Aquilo também era novo pra ela.
Afinal, esperou ansiosamente toda a gravidez pela chegada das irmãs, e quando elas finalmente chegam, ela não podia tê-las em casa?
Foram momentos complicados. Mas com uma big dose extra de paciência e amor tudo foi chegando no lugar.
Essa camiseta fizemos para ela, de irmã mais velha. Ela usou quando conseguimos autorização para visitar as irmãs na UTI. |
Julinha!!
Você é a melhor irmã que elas poderiam ter!
Nós te amamos!
Vou postar aqui um texto muito esclarecedor e realmente abriu portas para um pensar muito maior em mim.
"Quando nasce o irmão, nasce o ciúme…"
Autor: Rita Castanheira Alves
O nascimento de um irmão, a vinda de um bebé e a perda do posto de filho único é um acontecimento difícil para algumas crianças, as quais sentem aquilo a que chamamos – Ciúmes.
Frequentemente falamos de filhos únicos, que são também netos únicos e sobrinhos únicos. Desde que a vida começou para eles que sempre foi assim, o mais pequeno, o único, sem ter de dividir atenções porque à volta só estão adultos. A vida pode ser dura…
O ciúme surge e é normal, especialmente associado ao nascimento do irmão mais novo ou da irmã. Surge como mais problemático e difícil de gerir, geralmente entre os 3 e os 6 anos. Geralmente é associado a pensamentos difíceis de compreender pela própria criança, de expressar ou controlar: “ – Os meus pais já não vão ter mais tempo para mim.”; “ – Ele é bebé e por isso é mais engraçado.”; “ – Os meus pais vão gostar mais dele do que de mim.”; “ – Vão dar-me menos mimos porque têm de dar ao meu irmão…”. Enfim, angústias da antecipação do que será a vida de filho partilhada com um irmão, que fazem parte do desenvolvimento e desta mudança na vida e que por vezes levam a consequências diversas: comportamentos negativos para chamar a atenção, comportamentos regressivos, típicos de idades mais precoces (os chichis na cama, voltar a pedir chucha, querer andar ao colo, dormir com os pais…).
O ciúme cumpre uma função, é normal, não podemos eliminá-lo, mas é possível ajudar os mais novos a conseguirem controlá-lo, a compreenderem-no, a fazer com que se manifeste em menos ocasiões e a conseguir enfrentá-lo quando se sentem “atacados” pelo ciúme.
Os pais podem ajudar o filho mais velho a lidar com o ciúme do irmãozinho mais novo mesmo que ainda esteja dentro da barriga da mãe ou ainda não viva com a família (no caso de uma adopção). É essencial uma boa dose de compreensão, paciência, dando tempo para que se consiga habituar à nova realidade e muito apoio.
Com a ajuda dos pais, ultrapassar a fase de ciúmes será um motor de desenvolvimento e de maturidade para o seu filho mais velho, que sentirá que tem competências e é capaz.
E como pode ajudar o seu filho a lidar com a chegada de um irmão?
– É essencial que promova momentos de compreensão e de expressão dos ciúmes do seu filho. Exteriorizar, conseguir expressar o que angustia como o ciúme é extremamente importante para aprender a lidar com a situação;
– Desde o início da notícia da vinda de um irmão mais novo incluir o seu filho mais velho na decoração do quarto, nas compras para o bebé, na preparação e no crescimento da barriga pode facilitar o seu sentimento de pertença, tornando a vinda do irmão como um plano conjunto de toda a família;
– Reserve sempre um tempo especial e único para o seu filho mais velho e combine com ele quando o poderão fazer apenas os dois. Mesmo que seja pouco tempo, será essencial e valorizado por ele;
– Valorize-o pela idade que tem, partilhando com ele tarefas que ele consiga fazer relacionadas com as novas rotinas do bebé como encher o biberão, pedir-lhe uma fralda, ajudar no banho, escolher a roupa e elogie-o por ser capaz e por ser uma ajuda preciosa para si;
– Crie momentos de conversa para promover a partilha de sentimentos pelo seu filho, pondo-se no lugar dele: “ – Imagino que às vezes seja difícil agora não termos tanto tempo juntos.” “ – Sei que às vezes te apetecia que estivessemos sozinhos…”. Com este tipo de frases, vai sentir-se mais compreendido e acompanhado. À medida que responde ou mesmo que não responda pode ir fazendo festinhas, dando-lhe abraços e dizendo como se sente orgulhoso(a) das actividades e tarefas em que ele tem um bom desempenho;
– Estabeleça com ele uma parceria, propondo que se partilharem tarefas relativamente ao bebé poderão ter mais tempo para estarem os dois a conversar ou a fazer alguma actividade;
– Não se esqueça de cumprir os momentos especiais com o seu filho, se foi combinado há que cumprir;
– Quando fala com o bebé, diga-lhe frequentemente “ – Que bom teres um irmão mais crescido que nos ajuda tanto e te pode ensinar tantas coisas!”;
– É importante incluí-lo e valorizá-lo, mas incutir-lhe também a ideia de que nem sempre ambos os irmãos terão os mesmos presentes. Por vezes terá um, outras vezes terá outro.
É um momento novo, exigente, que pode ter uma fase de angústia. Com compreensão, tranquilidade e paciência, certamente o seu filho mais crescido enfrentará os ciúmes como um guerreiro e a vinda do irmão mais novo será um momento que o fortalecerá!
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