Sempre ouvi esse termo... Prematuro.
Mas nunca soube realmente o que estava por trás dessa palavra.
Julinha nasceu prematura de 36 semanas, mas nasceu bem... foi pro quarto comigo e saímos juntas da maternidade.
Essa palavra prematura pra mim, na época, somente quis dizer que ela havia nascido antes do tempo.
Quando me vi grávida de gêmeos, sabia da possibilidade delas nascerem prematuras também.
Comecei então a ler mais sobre o assunto.
Mal sabia que aprender mesmo, só com a dura realidade.
Laura e Alice vieram ao mundo com 33 semanas + 6 dias.
Prematuras. Pesando 1.300kg e 1.600kg.
No dia seguinte do parto é que a ficha caiu... Eu iria embora sem elas.
Foi petrificante. Chorei. Muito.
Respirei fundo e fui pra casa.
Até então não sabia da longa batalha da UTI...que é viver um dia de cada vez!!
Lá na UTI Neonatal do Hospital Samaritano, encontrei profissionais humanas,
que pareciam te abraçar com o olhar.
Encontrei também mães e pais que estão lutando, que estão na batalha pela vida de seus filhos.
Vibrei com os pesos ganhados de bebês que eu nem conhecia.
Chorei com as histórias que ouvi.
Agradeci. Agradeci pela vida das minhas filhas.
Pedi. De joelhos para levar elas para casa logo.
E levarei comigo pra vida toda que Prematuro vai muito além de ter nascido antes do tempo.
São pequenos anjos que lutam diariamente pra viver.
Abaixo, segue um texto que li... me emocionei por lembrar do que passamos.
É maravilhoso e verdadeiro.
CARTA DE UMA MAE DE PREMATURO
"SER MÃE DE PREMATURO é ser pega pela surpresa e o despreparo.
É não segurar seu filho nos braços quando nasce. É olhar pela incubadora. É sentir sua cria pela ponta dos dedos esterilizados em álcool gel.
Ser mãe de Prematuro é ser viciada no monitor. E ver seu filho respirando por aparelhos com sensores medindo o que há de vida na sua criança. São os benditos 88% de saturação.
É tirar leite na máquina. É ver o leite entrando pela sonda. E torcer para a quantidade aumentar todo dia.
É ter paranoia com o processo ganha/perde de peso diário. Num dia ganha 10 gramas e no seguinte perde 15. Isso é um desespero.
É se incomodar com as aspirações e manobras, mas saber que é um mal necessário. É ver picadas e mais picadas para exames e não respirar enquanto o resultado não aparece. É chegar ao hospital com o estomago em cambalhotas com medo do que vai ouvir do pediatra.
Para ser mãe de UTI tem que virar pedinte e mendigar todo dia uma boa notícia. Mesmo que seja a bendita palavrinha “estável” - significa que não melhorou, - mas também não piorou.
E não se esquecer de agradecer o cocô e o xixi de cada dia. Sinal de que não tem infecção.
Mãe de Prematuro também tem rotina. UTI-casa-UTI de segunda a segunda. Sem descanso. E como é possível descansar?
Para ser mãe de Prematuro é preciso muita fé.
Porque na hora do desespero é você e Deus. É joelho no chão do banheiro da UTI para pedir milagre, ou pedir que acabe o sofrimento. Haja fé. E só com fé.
É ser a Rainha da Impotência, por ver o sofrimento e a dor do seu bebê e simplesmente não poder fazer nada. Só confiar.
É bater papo com seu filho através da incubadora. E ter lágrima escorrendo pelo rosto todo dia por não poder sentir seu cheirinho e beijar seus cabelos.
Mas, ser mãe de prematuro é superação, é ter história para contar. É entender de um monte de doenças que ninguém nem imagina que existe.
É contar o tempo de um jeito diferente. Idade cronológica e idade corrigida. É difícil de entender.
É sair da UTI com festa e palmas. E deixar por lá amigos eternos e preciosos.
Ser mãe de Prematuro é ter medo do vento, da bronquiolite, do inverno e do hospital.
Toda mãe é um ser guerreiro por natureza. Mas a Mãe de Prematuro, precisa ser guerreira em dobro. E isso nos difere e ao mesmo tempo nos iguala.
Lutadoras, perseverantes, resilientes, frágeis a ponto de desabar a qualquer momento, mas com uma força absurda. Uma força que talvez venha de um útero vazio antes do tempo.
Assim são as mães dos bebês que nascem antes..." Autor Desconhecido.
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